Mitos vs. Factos no Desporto, Educação Física, Exercício e Saúde
“No pain, no gain": receita para o sucesso ou fracasso na promoção da actividade física?
15 Junho, 2022
Hugo V. Pereira, Diogo S. Teixeira, Ana Sousa
A evidência dos benefícios da atividade física (AF) levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a atualizar a sua recomendação para um intervalo de 150 a 300 minutos de AF aeróbia de intensidade moderada ou 75 a 150 minutos de intensidade vigorosa . Como consequência do esforço de consciencialização desenvolvido por várias entidades, e segundo dados do Programa Nacional de Promoção da AF da Direção-Geral da Saúde, a percentagem de portugueses que alcançava as recomendações da OMS era, em outubro de 2021, cerca de 50% . Porém, podemos considerar que as abordagens tradicionais de comunicação sobre a AF têm tido uma eficácia limitada, por terem sido essencialmente baseadas na evidência da sua relação com a saúde (p. ex., dose-efeito) e menos na ciência da modificação comportamental, como as teorias da motivação, autorregulação e hedonismo. Historicamente, foi privilegiada a quantidade de AF em detrimento da qualidade e individualidade, pelo que é compreensível serem apregoados slogans mais controladores como “no pain, no gain”, que aparentam resultar a curto prazo, mas que se revelam ineficazes a médio termo, quer em termos comportamentais (p. ex., manutenção do comportamento),quer ao nível do bem-estar.